03 setembro, 2008

O QUE SE HÁ-DE FAZER PARA ISTO ACABAR?







Foi morta hoje, por violência doméstica a trigésima sétima ( 37 ) mulher, durante este anos de 2008.
Em todo o ano de 2007, foram mortas 26 mulheres.
O aumento é impressionante!
Mas há mais números
Este ano de 2008 já houve 56 tentativas de assassinato, por violência doméstica.
Durante todo o ano de 2007, houve 58 tentativas de assassinato. Aqui , também, se prevê um aumento substancial.
O que será que se passa neste país?
Os homens estarão a tornar-se bestas de crueldade, de selvajaria, em velocidade estonteante? que não param, sequer, quando vêem sangue, que só se satisfazem quando matam?






Não sei o que se há-de fazer!
Sei que a impotência que sinto é enorme.
Sei que tem de se conseguir parar com a violência doméstica.
Um estalo já é demais, como se pode viver sabendo que acolhemos dentro da sociedade, estas bestas selvagens, como de normais se tratassem, que só se saciam, quando enfiam as mulheres no hospital com lesões, cheias de fracturas, e que acabam por as matar?

Como conseguimos continuar com a nossa vidinha, pensando que isto só acontece aos outros?
Quando se sabe que a Violência Doméstica, é transversal em toda a sociedade, que passa por todos os estratos sociais, económicos, geracionais e do considerado "bem educado"
Como se consegue ser amigo ou apertar a mão, a esta besta cruel e selvagem, que se sabe que bate na mulher?
O politicamente correcto é cada vez mais incorrecto em termos morais!

Estou tão farta destas bestas quadradas, elevadas à milésima potência, que se sentam à mesa com toda a gente, a quem se lhes dá palmadinhas nas costas, e sem ninguém ouvir ainda são capazes de comentar
"fizeste bem, é assim mesmo que elas se tratam" ou "boa! as tipas precisam é de rédea curta"
Estou farta desta sociedade tão podre.
E se faz favor, que nenhum de vocês homens, encolha os ombros ou vire a cara para o lado.


12 comentários:

Luís Maia disse...

Naturalmente que apoio e comungo a tua revoltam, mas a revolta tem que ser orientada para a EXIGÊNCIA aos partidos, que produzam legislação adequada para punir esses animais.

Por favor, eu acho que os direitos dos arguidos têm que ser defendidos, ninguém nega, mas a que propósito é que uma besta, que regou a mulher com gasolina e a matou, motivo porque foi condenado a 20 anos de cadeia, acabou por ser libertado sem cumprir pena ?

A explicação foi porque os seus advogados recorreram e como a justiça não foi célere em dar provimento ao recurso, foi libertado por ter sido esgotado o tempo de prisão preventiva.

Contaram-me que é professor logo vai voltar a dar aulas (belo exemplo para as crianças)

Como é que isto é possível ?

Minha querida, deixa um espaço na tua revolta para que a maioria dos homens acompanhe a tua revolta, ok ?

Luís Maia disse...

Já agora deixa-me que te diga, que ainda há galináceos que são as primeiras a defender os machos que lhes partem a cara.

E nem sempre é por terem medo, muitas vezes é porque são mesmo ESTÚPIDAS

Carla disse...

assustador...uma raiva que é difícil conter, porque está em causa a dignidade humana e em casos mais extremos a própria vida humana.
Infelizmente a violência pode conter tantas cambiantes desde a física à psicológica...e o medo aquele que gera o sofrimento silencioso!
Será algum dia possível acabar com esta situação? Gostava de acreditar que sim
beijinhos

António Conceição disse...

Bem cá vou eu ter que ser a ovelha ranhosa que tem que remar contra a maré.

O problema da violência doméstica é um falso problema. Pura e simplesmente, não existe. Ou melhor, existe apenas na cabeça de quem fala dele.
É que violência doméstica não é nada. É uma simples classificação.
Artificial, como todas as classificações (o que eu quero dizer com isto pressupõe a leitura do texto de Jorge Luis Borges que anexo).
Há um problema: a violência gratuita. Este problema é especialmente grave, chocante e repugnante em dois casos: quando a vítima é uma pessoa a quem o agressor está especialmente ligado por laços de confiança que o obrigam a ser confiável; ou quando a vítima está em especial situação de fraqueza e/ou dependência em relação ao agressor.
É inadjectivável, quando as duas condições se reunem na mesma vítima.
Ora, a violência nojenta e bajecta sobre estas vítimas em situção de especial fragilidade pode ocorrer nos mais variados contextos que não tem nada a ver com o contexto doméstico:
- Pode ocorrer no emprego sob a forma de chantagem ou assédio sobre o inferior hirárquico;
- Pode ser exercida sobre uma prostituta num bordel;
- Pode acontecer num ginásio sobre uma criança que se quer à força fazer campeã de qualquer coisa;
- Pode registar-se sobre os velhos de um lar de terceira idade;
- Pode ser o efeito colateral de um assalto a uma idosa isolada num monte alentejano,
- Pode tudo.
E pode não ocorrer na violência em contexto doméstico, onde a parte agredida pode, porventura, ter ascendente físico, social, psicológico, económico,... sobre o agressor.
Ora, destacar do contexto a violência toda, da gravíssima, da grave e da menos garve, aquela que ocorre em contexto doméstico, é apenas fazer uma classificação da violência. Artifical, como o são todas as classificações. Tão artificial como destacar a violência no emprego ou a violência na rua`.
É - e era isto que eu acima de tudo queria destacar - pôr o acento tónico, não na VIOLÊNCIA em si mesma (que é onde defendo que ele deve estar em termos de prevençãoe repressão), mas no seu CONTEXTO DOMÉSTICO. Ao fazê-lo, estamos a reduzir o problema da violência doméstica a uma simples moda. É o que está dar. É preciso manifestar horror, não por ser violência sobre os fracos e desprotegidos, mas por ser doméstica.
O resultado desta inversão é a banalização da própria violência. Não ajuda as vítimas da violência. Nem sequer as da violência doméstica.


ANEXO:

He comprobado que la décimocuarta edición de la Encyclopaedia Britannica suprime el articulo sobre John Wilkins. Esa omisión es justa, si recordamos la trivialidad del artículo (veinte renglones de meras circunstancias biográficas: Wilkins nació en 1614; Wilkins murió en 1672; Wilkins fue capellán de Carlos Luis, príncipe palatino; Wilkins fue nombrado rector de uno de los colegios de Oxford; Wilkins fue el primer secretario de la Real Sociedad de Londres, etc.); es culpable, si consideramos la obra especulativa de Wilkins. Éste abundó en felices curiosidades: le interesaron la teología, la criptografía, la música, la fabricación de colmenas transparentes, el curso de un planeta invisible, la posibilidad de un viaje a la luna, la posibilidad y los principios de un lenguaje mundial. A este último problema dedicó el libro An Essay Towards a Real Character and a Philosophical Language (600 páginas en cuarto mayor, 1668). No hay ejemplares de ese libro en nuestra Biblioteca Nacional; he interrogado, para redactar esta nota, The Life and Times of John Wilkins (1910), de P.A. Wright Henderson; el Wörterbuch der Philosophie (1924), de Fritz Mauthner; Delphos (1935) de E. Sylvia Pankhurst; Dangerous Thoughts (1939), de Lancelot Hogben.
Todos, alguna vez, hemos padecido esos debates inapelables en que una dama, con acopio de interjecciones y de anacolutos, jura que la palabra luna es más (o menos) expresiva que la palabra moon. Fuera de la evidente observación de que el monosílabo moon es tal vez más apto para representar un objeto muy simple que la palabra bisilábica luna, nada es posible contribuir a tales debates; descontadas las palabras compuestas y las derivaciones, todos los idiomas del mundo (sin excluir el Volapük de Johann Martin Schleyer y la romántica Interlingua de Peano) son igualmente inexpresivos. No hay edición de la Gramática de la Real Academia que no pondere "el envidiado tesoro de voces pintorescas, felices y expresivas de la riquísima lengua española", pero se trata de una mera jactancia, sin corroboración. Por lo pronto, esa misma Real Academia elabora cada tantos años un diccionario, que define las voces del español... En el idioma universal que ideó Wilkins al promediar el siglo XVII, cada palabra se define a sí misma. Descartes, en una epístola fechada en noviembre de 1629, ya había anotado que mediante el sistema decimal de numeración, podemos aprender en un solo día a nombrar todas las cantidades hasta el infinito y a escribirlas en un idioma nuevo que es el de los guarismos1; también había propuesto la formación de un idioma análogo, general, que organizara y abarcara todos los pensamientos humanos. John Wilkins, hacia 1664, acometió esa empresa.
Dividió el universo en cuarenta categorías o géneros, subdivisibles luego en diferencias, subdivisibles a su vez en especies. Asignó a cada género un monosílabo de dos letras; a cada diferencia, una consonante; a cada especie, una vocal. Por ejemplo: de, quiere decir elemento; deb, el primero de los elementos, el fuego; deba, una porción del elemento del fuego, una llama. En el idioma análogo de Letellier (1850), a, quiere decir animal; ab, mamífero; abo, carnívoro; aboj, felino; aboje, gato; abi, herbivoro; abiv, equino; etc. En el de Bonifacio Sotos Ochando (1845), imaba, quiere decir edificio; imaca, serrallo; imafe, hospital; imafo, lazareto; imarri, casa; imaru, quinta; imedo, poste; imede, pilar; imego, suelo; imela, techo; imogo, ventana; bire, encuadernor; birer, encuadernar. (Debo este último censo a un libro impreso en Buenos Aires en 1886: el Curso de lengua universal, del doctor Pedro Mata.)
Las palabras del idioma analítico de John Wilkins no son torpes símbolos arbitrarios; cada una de las letras que las integran es significativa, como lo fueron las de la Sagrada Escritura para los cabalistas. Mauthner observa que los niños podrían aprender ese idioma sin saber que es artificioso; después en el colegio, descubrirían que es también una clave universal y una enciclopedia secreta.
Ya definido el procedimiento de Wilkins, falta examinar un problema de imposible o difícil postergación: el valor de la tabla cuadragesimal que es base del idioma. Consideremos la octava categoría, la de las piedras. Wilkins las divide en comunes (pedernal, cascajo, pizarra), módicas (mármol, ámbar, coral), preciosas (perla, ópalo), transparentes (amatista, zafiro) e insolubles (hulla, greda y arsénico). Casi tan alarmante como la octava, es la novena categoría. Ésta nos revela que los metales pueden ser imperfectos (bermellón, azogue), artificiales (bronce, latón), recrementicios (limaduras, herrumbre) y naturales (oro, estaño, cobre). La ballena figura en la categoría décimosexta; es un pez vivíparo, oblongo.
Esas ambigüedades, redundancias y deficiencias recuerdan las que el doctor Franz Kuhn atribuye a cierta enciclopedia china que se titula Emporio celestial de conocimientos benévolos. En sus remotas páginas está escrito que los animales se dividen en
- pertenecientes al Emperador
- embalsamados
- amaestrados
- lechones
- sirenas
- fabulosos
- perros sueltos
- incluidos en esta clasificación
- que se agitan como locos
- innumerables
- dibujados con un pincel finísimo de pelo de camello
- etcétera
- que acaban de romper el jarrón
- que de lejos parecen moscas
El instituto Bibliográfico de Bruselas también ejerce el caos: ha parcelado el universo en 1000 subdivisiones, de las cuales la 262 corresponde al Papa; la 282, a la Iglesia Católica Romana; la 263, al Día del Señor; la 268, a las escuales dominicales; la 298, al mormonismo, y la 294, al brahmanismo, budismo, shintoísmo y taoísmo. No rehusa las subdivisiones heterogéneas, verbigracia, la 179: "Crueldad con los animales. Protección de los animales. El duelo y el suicidio desde el punto de vista de la moral. Vicios y defectos varios. Virtudes y cualidades varias."
He registrado las arbitradiedades de Wilkins, del desconocido (o apócrifo) enciclopedista chino y del Instituto Bibliográfico de Bruselas; notoriamente no hay clasificación del universo que no sea arbitraria y conjetural. La razón es muy simple: no sabemos qué cosa es el universo. "El mundo - escribe David Hume - es tal vez el bosquejo rudimentario de algún dios infantil, que lo abandonó a medio hacer, avergonzado de su ejecución deficiente; es obra de un dios subalterno, de quien los dioses superiores se burlan; es la confusa producción de una divinidad decrépita y jubilada, que ya se ha muerto" (Dialogues Concerning Natural Religion, V. 1779). Cabe ir más lejos; cabe sospechar que no hay universo en el sentido orgánico, unificador, que tiene esa ambiciosa palabra. Si lo hay, falta conjeturar su propósito; falta conjeturar las palabras, las definiciones, las etimologías, las sinonimias, del secreto diccionario de Dios.
La imposibilidad de penetrar el esquema divino del universo no puede, sin embargo, disuadirnos de planear esquemas humanos, aunque nos conste que éstos son provisorios. El idioma analítico de Wilkins no es el menoos admirable de esos esquemas. Los géneros y especies que lo componen son contradictorios y vagos; el artificio de que las letras de las palabras indiquen subdivisiones y divisiones es, sin duda, ingenioso. La palabra salmón no nos dice nada; zana, la voz correspondiente, define (para el hombre versado en las cuarenta categorías y en los géneros de esas categorías) un pez escamoso, fluvial, de carne rojiza. (Teóricamente, no es inconcebible un idioma donde el nombre de cada ser indicada todos los pormenores de su destino, pasado y venidero.)
Esperanzas y utopías aparte, acaso lo más lúcido que sobre el lenguaje se ha escrito son estas palabras de Chesterton:
El hombre sabe que hay en el alma tintes más desconcertantes, más innumerables y más anónimos que los colores de una selva otoñal... cree, sin embargo, que esos tintes, en todas sus fusiones y conversiones, son representables con precisión por un mecanismo arbitrario de gruñidos y de chillidos. Cree que del interior de un bolsista salen realmente ruidos que significan todos los misterios de la memoria y todas las agonias del anhelo. (G. F. Watts, pág. 88, 1904).

António Conceição disse...

Releio o seu post antigo acerca da violência exercida sobre as crianças chinesas torturadas para se transformarem em expoentes de excelência olímpica e sou forçado a reconhecer que o meu comentário anterior é injusto para consigo, minha querida Claras.

Anônimo disse...

Olá Luisinho

Que venhas com esse segundo comentário, é que me dana.
Há sempre vítimas e há sempre idiotas, já agora, também há violência doméstica sobre homens.

E todos estes argumentos, para mim, são uma espécie de branqueamento.

beijinho

Anônimo disse...

Olá Carla

Talvez se as penas fossem mais pesadas....

beijinho

Anônimo disse...

Olá Funes Querido


Completamente de acordo, com tudo o que disse sobre a violência, mas não sobre o que disse sobre a V. Doméstica.
Completamente de acordo com Jorje Luis Borges.

Mas....

Penso que a Violência Doméstica e a Violência exercida sobre uma CRIANÇA dentro de um ginásio, serão dos poucos casos em que se juntam as duas premissas de que falou, ou seja:

"quando a vítima é uma pessoa a quem o agressor está especialmente ligado por laços de confiança que o obrigam a ser confiável; ou quando a vítima está em especial situação de fraqueza e/ou dependência em relação ao agressor."

Por isso mesmo é pior.
Poucas levam à morte, ou à tentativa de assassinato, com esta frequência.

Raios! para mim, não é uma moda!!!
Sempre os homens bateram nas mulheres, mas esta frequência de mortes....
rebenta comigo.

Beijinho, Funes

António Conceição disse...

Ao que julgo saber, e a não terem ocorrido novos casos nos últimos dias ou nas últimas horas, 37 mulheres foram mortas este ano em Portugal, por maridos ou companheiros. Ignoro as circunstâncias em que ocorreram estas mortes e não sei se os casos são todos enquadráveis no mesmo nível de abjecção e horror.
Seja como for, é muito grave.
O sentido do meu comentário era outro: quantos velhos morreram este ano de forma criminosa em lares de terceira idade onde foram depositados (ao lado das crianças e das mulheres também tem que enquadrar este caso naqueles que reunem as duas premissas)?
Não sabemos. Será que isso acontece porque não ocorreu nenhum?

Anônimo disse...

sorriso triste de desculpas

Não me tinha lembrado desse problema, Funes.
Retiro o que escrevi no meu comentário.
Aconteceu sim, de certeza.
Claro que está incluído dentro dos mesmos parâmetros.
Obrigado por me ter relembrado.

beijinho grande

Luís Maia disse...

Lá estás tu com essa do branqueamento e das desculpas.

Nãos estou a desculpar ninguém, apenas juntei ao meu comentário a minha acusação contra as mulheres que já ouvi e continuo a ouvir, defenderem os homens que lhe batem.

Claro, que generalizando toda a violência gratuita tem que ser condenada e a contestação tem que ser feita nos locais próprios exigindo a quem tem competência para a combater e nada faz.

Anônimo disse...

Olá Luisinho

Baaah!
Tu já sabias que eu ia pegar naquele comentário, não te faças de ingénuo
gargalhada

O tal princípio de
"quanto mais me bates, mais gosto de ti"?

Também conheces cada uma!!!!

beijinho