27 agosto, 2008

Paralímpicos



Há qualquer coisa nos Jogos Paralímpicos que me desagrada. Não o acontecimentos em si, diga-se, porque julgo ser, em muitos casos, extraordinários exemplos de vida, para muitos de nós, para quem uma dor de cabeça é um drama inultrapassável.

O que eu não gosto é do espírito instalado, o da medalhíte. Começando por nós portugueses, onde a febre também já está instalada. Anunciam-se muitas medalhas de vários quilates, já que se exibe com orgulho que o País conquistou 81 medalhas em 7 participações, (em Atenas, há quatro anos, foram apenas 12).

Refiro o espírito da medalhite, porque entendo que talvez a possibilidade de haver medalhas para todos, me fosse mais aceitável, também porque todos os participantes são campeões e por certo a sua grande vitória é o o ultrapassar das suas próprias limitações.

Deste conceito de medalhas e de vencedores em ouro, prata ou bronze, resulta que a ganância pela obtenção do metal, possa levar ao acentuar das diferenças das próprias incapacidades, podendo alguns atletas competir entre si em condições muito diferentes de incapacidade física.

Quero dizer que não ter 2 ou 3 dedos duma mão, não é o mesmo que não ter um braço, contudo ambos são amputadas e isso cria desigualdades, perfeitamente exploráveis se a ganância medalheira o requerer.

A propósito e não servindo de exemplo para o que aqui refiro, vi há dias na TV, quando da transmissão do Jogos Olímpicos, uma atleta de alto nível no Ténis de Mesa, com uma amputação ao nível do cotovelo.

Vamos ver o que acontece já a partir do dia 6 de Setembro. Por mim confirmarei por certo a ideia de gostar do exemplo dos atletas, mas detesto o espírito que rodeia os jogos.

13 comentários:

Anônimo disse...

Olá Luisinho

vamos lá a ver.
Se há medalhas nas Olimpíadas, não vejo porque não há de haver nas Paralimpíadas.
Penso quem não tem dois ou três dedos na mão, não concorre no mesmo estatuto de quem não tem braço.

Nestes Jogos Olímpicos houve muitos atletas que já tinham concorrido nas Paralimpíadas, cujo o seu sonho era participar nas Olimpíadas propriamente ditas.
Conseguiram-no fazer, conseguiram os mínimos para poderem participar.
Vou-te deixar o link de um post da Fatyly que sabe tudo destas coisas.

http://fatyly-umanovacubata.blogspot.com/2008/08/fim-dos-jogos-olmpicos-pequim-2008.html

beijinho

Luís Maia disse...

Não pegues tanto ê letra os exemplos que dou, se vires os jogos observarás que as incapacidades em concurso são nalguns casos bem dispares.

António Conceição disse...

"...confirmarei por certo a ideia de gostar do exemplo dos atletas..."

Tirando esta frase, subscrevo linha a linha, palavra a palavra , o teor deste post. Eu, de certeza, não vou gostar do exemplo dos atletas.
Os deficientes têm o direito de viver numa sociedade que lhe faculte o acesso ao desporto e a tudo o mais, criando as condições que lhes permitam superar, na medida do possível, a sua deficiência.
Pôr aleijadinhos a correr por medalhas como tolinhos é apenas acrescentar a deficiência mental à deficiência física.

António Conceição disse...

Imagine-se que no mundo inteiro se generalizava o antigo costume chinês de ligar os pés das miúdas, para eles ficarem pequenos. Imagine-se que se popularizavam depois os concursos para ver quais as mulheres com o pé mais pequeno. Alguém poderia sentir algum orgulho nacional por ser portuguesa a campeã do mundo desse concurso?
Nada de diferente se passa nos Jogos Olímpicos. Um grupo de animais é treinado desde os primeiros anos de vida, para ganhar as olímpiadas.
Há algum motivo de orgulho no facto de a nossa ganadaria de atletas ter sido a melhor?

Anônimo disse...

olá Funes querido


essa dos pézinhos, matou-me!
Só o Funes para vir com um exemplo desses

Beijinho

Didas disse...

Eu há muito que tenho uma opinião muito pessoal sobre os paralímpicos. Assim como os fazem, são deprimentes.

António Conceição disse...

Mas Querida Clara,

Acha que é um exemplo infeliz?
è diferente andar nuamfaculdade de motricidade humana a estudar quais os músculos que o atleta x deve desenvolver e de que forma, para correr mais rapidamente os 100 metros? Não é isto próprio de cavalos de corrida? Não é isto animalizar o ser humano?

Anônimo disse...

Olá Didas


é tão deprimente como os Jogos Olímpicos
Não lhes vejo grande diferença


beijinho

Anônimo disse...

Não Funes, não acho infeliz, acho engraçadíssimo

Nos cavalos de corrida não exercitados os músculos indeferenciadamente.
Não sei porque não gosto desta sua maneira de criticar os atletas de alta competição.
Talvez por os comparar a bestas de carga...
Só que para se ser um campeão, é necessário muito mais do estar bem exercitado ou treinado.
É preciso uma força interior e psicológica que não se coaduna com a besta de carga.

Beijinho

Luís Maia disse...

Insisto na ideia que o espectáculo é deprimente por causa da fobia da medalhíte, teremos por certo oportunidade de voltar ao assunto depois do dia 6 de Setembro.

O espírito devia ser outro, uma grande confraternização de pessoas que são um exemplo de vida em muito dos casos por conseguirem ultrapassar os seus limites, em determinados casos tão diminutos.

Não tenho que comparar nada com as competições entre profissionais, são coisas completamente diferentes, qualquer que seja o prisma por onde se observe

Anônimo disse...

Eu estou aqui a fazer de advogada do diabo, que não é o meu papel.
estou a tentar ver as coisas por outro prisma, que não quer dizer que seja o certo.

Será que os deficientes físicos se empenhariam tanto para ir aos paralímpicos ou mesmo aos olímpicos, se não houvessem medalhas?
Tal e qual como fazem os profissionais?

beijinhos

Carla disse...

o feroz espírito da competitividade que assola toda a nossa sociedade...bela a tua ideia amiga, mas duvido que seja concretizável
beijinhos

Anônimo disse...

Carlinha

A ideia é do Luís Maia!!!!


beijinho