11 agosto, 2008

MORTES EM DIRECTO

Diz o The Hammer, que na Mouche como sempre deveria ser.
Eu, neste caso particular, acho que tem toda a razão.
Mas pergunto-me: teria de ser em directo?
Já pensaram que poderia ter corrido mal? ou que, depois de terem morto o primeiro, o segundo poderia ter morto a refém, o que aconteceria em qualquer mediano filme americano?
Estes brasileiros viram poucos filmes, decididamente não eram fãs de cinema, pelo menos do cinema americano.
Esconderam-se mal atrás das reféns, não prepararam convenientemente a fuga, e não mataram, quando tiveram hipótese de o fazer.
Estou a ser irónica, simplesmente porque é a minha maneira de não ficar terrivelmente traumatizada por ver uma morte em directo, quando a não queria ver, e por apesar de tudo, não ter ficado convencida da eficácia dos GOEs, por ter ficado a pensar o que teria acontecido, se estes tipos tivessem visto mais filmes.
Estaríamos todos tão contentes se uma das reféns tivesse sido morta, também ela em directo?
e fico-me a perguntar porque se porão bolinhas vermelhas em certos filmes, ditos violentos por terem mortes, se esses mortos não morrem?
Cá em casa o telejornal é sagrado, e tive quatro netos a ver em directo a polícia a matar uma pessoa.

Será necessário ser em directo?

10 comentários:

Luís Maia disse...

Temos muita pressa em elogiar, por serem os GOE, polícia portuguesa e pelos assaltantes serem estrangeiros.

Mas aquilo não foi uma acção bem sucedida, arriscaram a vida dos reféns e já vi tantos filmes em situações idênticas que já me considero especialista

O assaltante ferido podia ou não ter disparado sobre um dos reféns ?
Podia ou não ter morto um deles ?

Consequentemente foi uma sorte não o ter feito. aliás disseram que ele tinha disparado para fora do Banco em reposta ao primeiro tiro.

Tia Brites disse...

Acho que eles não estavam em condições de se lembrar dos filmes. Além disso, não sei se viste hoje a reportagem das famílias e da aldeia onde um vivia. Lá não há cinemas. Nem sei se haverá um gerador. Estas coisas são muito complicadas, é fácil acharmos que eles tiveram o que mereciam. Terão tido a vida que mereciam? Ou não... sei lá...

Prof-Forma disse...

Caríssima Minucha;

É para mim uma grande honra e um gosto ser citado neste seu espaço de contestação. E não apenas pelo usual prazer que sentimos quando alguém considera um nosso escrito digno de ser objecto de reflexão. Agrada-me sobretudo a possibilidade de poder conversar consigo, prazer que já tive no Vivo e de Boa Saúde e que não me canso de repetir.
Desde logo, e ainda respondendo aos restantes comentadores, relembro que o assaltante que não teve morte imediata esteve em estado crítico durante um período singificativo no hospital. Não estava, depois do disparo, em condições de ferir ou matar qualquer dos reféns. Desse ponto de vista, o da eficácia do GOE no uso da força, não há por onde pegar: os dois raptores ficaram, por assim dizer, fora de combate, incapacitados de continuar a constituir risco para as suas vítimas. Tudo correu bem.
A Polícia é treinada para a dissuasão e a repressão da criminalidade. Da sua formação consta o desenvolvimento de competências para perceber quando é possível dissuadir os criminosos em situações como esta, e quando isso é inviável, devendo, então, apelar-se para a força. Não duvido que tenha sido essa a situação - afinal, vejam o tempo que os negociadores da PSP gastaram tentando fazer com que os dois assaltantes largassem as armas e se rendessem! Há um limite evidente a partir do qual não se pode permitir que a vítima continue em risco. Há que zelar pela integridade física do refém, e sobretudo há que preservar a sua saúde mental em situações dessas. Ele é o principal «bem» a garantir: se se torna necessário eliminar o criminoso para que ele viva e não tenha sequelas psicológicas (ou pelo menos não tenha sequelas psicológicas maiores) é esse o caminho que se deve empreender. É duro, mas a vida não é um conto de fadas: ou há a possibilidade de resolver as coisas a bem, ou não há. Quando perante a segunda hipótese, uma força de polícia não pode fraquejar. O que estava em jogo era a escolha entre dois mortos ou quatro, ou mais se os raptores disparassem sobre os agentes. O mal menor foi este.
Mas a Minucha faz referência a algo diferente: e dou-lhe razão quanto à desnecessidade de televisionar a execução dos criminosos. Não tínhamos de ter os seus netos, ou outro miúdo qualquer, a ver a morte em horário nobre. Por razões académicas que agora não vêm ao caso li recentemente as instruções do Marquês de Pombal aos oficiais régios que julgaram um motim popular ocorrido no Porto em 1757, e dele constava uma frase que ainda hoje diz muito sobre a concepção da justiça entre nós. Mandava o chefe de Governo que os sublevados recebessem «um prompto e severo castigo, que sirva de exemplo aos máos e de satisfação aos bons». No fundo, foi este castigo duro e eficiente, foi este aviso a quantos queiram embarcar em brincadeiras semelhantes e este contentamento que se dá aos cidadãos cumpridores, que pagam os impostos «para a Polícia fazer isto» que a maioria das pessoas viu no vídeo. Que eu vi no vídeo, para que não se pense que consegui fugir à vaga. Mas tem muita razão: passá-lo na televisão, à hora do jantar, foi muito, muito feio. Os critérios editoriais das televisões têm de ser repensados, porque a audiência não é tudo.

Anônimo disse...

Olá Luisinho

Vamos lá ver:

Qualquer assaltante que tenha uma arma apontada à cabeça de um refém tem de ser morto se possível, não se devendo deixar o refém nas mãos desse assaltante, seja qual for a nacionalidade dele.
Que foi bem sucedida foi, porque acabou bem, Luís, poderia não ter sido, com pessoas mais experientes.

Beijinhos

Anônimo disse...

Olá Manga

Foi a minha maneira irónica de dizer que não estavam bem preparados, ou que não tinham experiência, Manga.
Queria chamar a atenção, só para esse facto.
Nunca diria que tiveram o que mereceram, e não viste isso no meu post.
Mas acho que a única opção da polícia , depois das conversações, era tentar matá-los, desde que sairam com armas apontadas aos reféns.
Acredito que não mereciam a vida que tiveram
Mas não te esqueças que os reféns também não mereciam ter estado na posição em que eles os puseram.

Beijinho

Anônimo disse...

Olá JV

sorriso

Quase tudo que escreve merece destaque, JV.
O Prazer que tenho tido em conversar consigo, garanto que não fica atrás do seu.
P
Penso JV, que se estes assaltantes tivessem mais experiência, o tempo que medeou o primeiro e o segundo tiro, teria dado para matar o refém.
Os dois tiros deveriam ter sido coincidentes, ou pelo menos, com menos tempo entre um e outro.
O primeiro atirador, deveria ter esperado que o segundo atirador, pudesse ter a cabeça do segundo assaltante sob a mira. Em teoria, é isto que aprendi nos filmes made in USA
Poderá dizer-me que são filmes, e que é preciso ter uma calma excepcional e eu responderei-lhe que tem toda a razão, mas que essa calma é fundamental em futuras operações, porque haverá mais. Só estamos no início.
É só por este pequeno pormenor, que a acção dos GEOs não me convenceu completamente.
Não fiquei segura, que da próxima vez, não haja um refém morto.
Quanto ao resto completamente de acordo consigo.

Em relação ao horário nobre, não cedo. Não poderá haver mais vez nenhuma este tipo de directos.
falávamos nós do pontapé que um tipo cujo nome já não me lembro deu a uma namorada, no Big Brother!!!....
Percebi que está de acordo comigo.

beijinho e obrigado pelo seu comentário

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

concordo pelnamente com o Luis Maia e consigo, Minucha e já me aborreci bem na Net por causa disso, quero passar à frente e esquecer..

Vim aqui para lhe dizer que perdi seu mal, com a formatação do meu copmutador...envie-me por favor um mail, só a dizer olá, para que grave novamente.
saudades...e b.q

Anônimo disse...

Olá Júlia

o pior é que esquecer não é fácil
Não me admirava nada se os parvos das televisões voltassem a repetir a gracinha

Beijo grande

Carla disse...

Li...e reli e na verdade nada mais tenho a acrescentar ao que tu disseste!
beijos amigos

Anônimo disse...

Beijo grande, Carla